Por quê as Flores Comestíveis pararam de ser usadas?
As flores já tiveram um uso muito comum dentro da culinária antiga. Tentemos imaginar que antes não tínhamos à mão corantes artificiais, industrializados em gôndolas de mercados. Antes recorríamos à natureza , A Natureza grande sábia da realidade real a ser vivida.
Já há 100 milhões de anos atrás as flores começaram a surgir e a Bíblia já citava o “Dente de Leão” como usado no pão sem fermento da Páscoa. Uma das Flores mais antigas é a Flor do Açafrão, usada tanto como medicinal, como na culinária. Acredita-se que foi na Pérsia o primeiro lugar que se cultivou o Açafrão. Os gregos antigos cultivavam Papoulas, Cravos e Lotus. Os egípcios, lírios e flor de lótus azul.
Os índios já usavam flores há 500 anos atrás. Quando os espanhóis conquistaram o NOVO MUNDO eles chamavam qualquer flor grande e colorida de ROSE. Os astecas amavam flores. Eles amavam cheirar as flores para espantar a fome e também a comiam. Dentre as flores mais comuns entre a comunidade destacam-se a Flor de Abóbora, a YUCCA, e a Agave Americana.
Os Incas do Peru comiam Capuchinhas que logo foram para Europa através dos conquistadores espanhóis. Nos Andes usavam a Vinagreira para colocar no mate. Na América central e do Sul as bebidas eram saborizadas com tagetes.
Ainda na Idade Média os Monges cultivavam ervas medicinais e dentre elas haviam flores como as Prímulas, as Calêndulas, a Camomila (muito comum no Egito e Roma). No mesmo Período acreditavam que tomar leite com flores de Cravo aumentava a Potência do Homem.
Em 1393 a classe mais comerciante começou a reconhecer o poder das Flores tanto medicinal e sensorial como culinário. E começaram a fazer como os Monges e plantar também em seus espaços.
Era comum água de rosas, laranjas ,e jasmins para perfumar a comida. A flor do açafrão já era antiga no uso como corante da comida.
Os árabes medievais usavam uma mistura de temperos chamada “atraf-al-teb”, na qual tinham lavandas, cravos e botões de rosas.
Leonardo da Vinci tinha um “Cook Book” com receitas com flores : açafrão, cravos , Flor de Sabugueiro e Flores de erva-doce.
No século XV faziam uma mistura de ervas e saladas com borago, margaridas, prímulas e violetas. E na época dos Descobrimentos novas flores começaram a surgir na Europa.
Na era Romântica, a era Votoriana, as flores também eram muito usadas em sobremesas e doces. As flores cristalizadas eram extremamente comuns. No “Cook Book” da Rainha Vitória era comum receitas como: Sorvete com água de Rosas, Jasmins e água de laranjeira.
Aí veio a Revolução Industrial que bateu de frente com a inclinação estética Vitoriana e as preparações com flores começam a desaparecer aqui. Por quê? Temos 2 constatações: Primeiro surgiu o transporte de comida, importantes trocas e avanços na agricultura fizeram a comida se tornar prontamente acessível e viável para um número de pessoas que não tinham acesso à jardins ou mesmo estruturas para produzir sua própria comida. Segundo: as novas tecnologias fizeram com que as comidas pudessem ser congeladas e estocadas, o que foi eliminando a sazonalidade da produção dos jardins. Em todos esses processos de estocagem e transporte de vegetais eles tinham uma forma mais bruta de trabalhar. As flores não eram fáceis de transportar, rotular e inspecionar. O que fez com que um declínio do seu uso começasse a acontecer.
Olhem como a história carrega um histórico com esses temperos hoje tão inusitados.
Por isso digo que aos poucos precisamos ir retomando hábitos interessantes e charmosos de antigamente. Usando os artifícios da natureza à nosso favor. Vamos pensar nas flores como temperos, amor, aroma, cor e muita criatividade dentro da gastronomia atual.
Uma linda Semana para Você
@deborahnafazenda